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Historinha



Comprei uma flor assassina

Dessas que te grudam os espinhos

Dessas que te olham de mansinho

Dessas que nunca dizem jamais

E foi em uma tarde de abril

Eu: o homem de outubro

Eu que maio esperava

Para observar junho.



Comprei uma flor assassina

Diziam não perca a oferta.

E hoje a noite é longínqua.

E hoje a flor é incerta.

E hoje –o amanhã do ontem-

Me olha e me compra.

Eu que dizia: não estou à venda.

Eu de olhos abertos:

Aparo com as mãos cortadas:

Meu coração de desertos.



Julio Almada do Livro Em um Mapa sem Cachorros

Mais textos: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com

Comments

Unknown said…
Adoro seu blog, seus textos. Parabéns. bjs
CarolBorne said…
Se eu mudar os meses e o gênero, é a minha vida...
Tarcísio Ribeiro Costa said…
Gostei muito do seu poema.

SEGREDO NO AMOR
Tarcísio R. Costa

Quatro paredes,
Segredo,silêncio na mente,
Que sempre está presente
No nosso viver...
Paredes, retângulo do mal
Que tanto maltrata a alma
O tal segredo é infernal
E nos tira a calma...

O segredo
É o degredo da realidade,
Que leva à alma
Essa ignóbil imposição...

Para que segredo?
Por que essa violência,
É uma incoerência!

Fazer do coração um sepulcro,
Quando deve ser apoio, um fulcro
Em que se exponha a verdade!

Por que subterfúgios
E não a realidade?

Por que isso, no amor?`
Como ninguém deve ser delator,
É muito mais salutar,
Ao invés vivermos de segredos,
Trocarmos juras de amor.

Tarcísio Ribeiro Costa
tarcisio-costa@uol.com.br
www.tarcisiocosta.com.br
Anonymous said…
seu blog é muito bom e seus trabalhos são ótimo, um boa semana.
Parabéns Julio Almada pelo trabalho de poetar.

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