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Medusa queria me Jantar


Na minha cabeça tudo fazia qualquer grito inútil. Não tive escolha, muitos já disseram isso e eu não digo, escolhi e me arrependo. Escolhi ser tudo, síndrome do nosso tempo. Contestador e fiscal. E agora, as contas do Mês ou a razão da vez, qualquer crise no eclipse diário. Ela era o eclipse da minha vida, de quando em quando me apagava sempre. O telefone deixou de tocar,

não vou atender, deviam ser meus superiores me cobrando postura mais adequada para a profissão que eu exercia, não gostaria de falar nisso agora, aliás naquele momento me trancou a respiração, não poderia falar nada.

Os 20 passos até o banheiro foram acompanhados por uma dor aguda e uma loucura crônica.meu amor porque vc fez isso agora, pensei, enquanto a ulcera expeliu sangue suficiente para respingar todos os lados do banheiro e o espelho mostrando os lábios dela que diziam, olha o tecido do vestido que vou usar no nosso casamento.elegante no velório.


Eu no dela, pensei e quase bati a cabeça na parede quando vomitei pela segunda vez meu tempo esvaindo em sangue. Úlcera.


JULIO ALMADA, DE OLHO: EMBRIAGADO

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Posfácio  Julio Urrutiaga Almada  Inevitável, será ou seria, começar esta apreciação, citando ou se exercitando como um felino, depois de tanta embriaguez literária ou à moda Baudelaire, qualquer embriaguez que nos salve desta tacanha quase existência ou reflexão disforme. Mas, nada nos salvará. E acredito que só a felina vontade de impor-se nos impostará a voz até onde seja devido ou buscado. Começo a felinear pelo livro, bem fodido, às 6 da manhã. De quem não deseja oferecer-nos a poesia como comida rápida, devemos esperar Hemistíquios conectando-nos à montanha-russa do poeta feito à forja do dia a dia e respirando tradição que luta para reinventar-se. Nem poeta certificado de escritório, nem transeunte que se esqueceu em alguma esquina já tomada pelos donos da terra. Poesia viva reivindicando soar como música e ser vista como baile. E escuto do Poeta os primeiros versos a girar em meu oficio de leitor:  nunca fui capaz de ter um plano nesta terra redonda e [chata sou a...
Um Novo Conto do Caderno de Ontem no Bloguero: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com

Alguns Livros de Julio Urrutiaga Almada

LIVRO DOS SILÊNCIOS     “Contrariando minhas premissas, este livro, surgiu de um propósito, aparentemente racional e, como um desabafo do silêncio, fluiu vertiginosamente, de sobressalto, nas contadas horas, de um só dia.”   02/12/2005 Publicado em Abril de 2006, Editora Corifeu, 39 poemas sobre o silêncio nas relações.            EM UM MAPA SEM CACHORROS Leitura da Alma se faz na frente do espelho? Nossos cães farejam nosso dia seguinte ou nos perseguem noites em clara à esmo? Quer decifrar ou causar erupções no mundo que nunca fica pronto nem quando partimos para sempre? 41 poemas. Terceira edição Junho 2015 HORA TENAZ 2006 foi uma hora tenaz: que durou, perdurou e persistiu. Hora é a maneira de andar, é respiração, é dizer: pois não há como calar. Tenaz : que não abandona, que incomoda, que dói sem perguntar, que nos brinda com sucessivas toca...