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Canto Inflado

Amor é noite que te canto
Mas o que é noite?
É quando afoito treme na
Janela: não ser teu corpo.

Amor já te pensei estrela
Nuvem, roçar de terra
Amo-te muito e pouco
E o que me tem absorto
É olhar-te ao não ver-te
Sendo o dito o pensado
E o sentir o do abandono.

Não queria amor cantar
Nem adeus nem saudade
Nem nada

O entreabrir de tua voz
Aveludada ao beijar-me
É o sonho dessa tarde.

Como sonho, como adianto,
Um relógio que não anda.
Vivo tudo e nada
Esse suar tua falta tenta estancar.

O alarido das nuvens áridas
São flores perfumes só das tuas
Maçãs do rosto e olhares
Naufragar em ti é levitar.

Julio Almada do Livro Hora Tenaz

Comments

Nil Brasil said…
sem mais palavras...encantador!!!

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Um Novo Conto do Caderno de Ontem no Bloguero: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com

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