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Uma dor chamada Valdivia

Na fuga de qualquer hemisfério, meus pés mais ao sul resolveram circular: tenho saudade do tempo em que haviam somente quatro estações. A tônica desse tempo é a ruidosa meia-estação, não é nem uma coisa nem outra. E aqui estou, 01:30 depois de uma ligação de uma hora atrás em pleno inferno invernal de Curitiba ou melhor diria, Inverno infernal. A libido está sujeita a graduações em desejos Celsius. Não é o “fog”, há entre nós um oceano de distância...mas sempre há essa neblina que afoga qualquer libertinagem tênue, não a minha. Engulo Curitiba sem água nem prevenção nem ligação antecipada para saber se a vida segue preservada. Sempre conheço a mulher da minha outra vida e apago a cada dia três do que ainda me resta para viver. Quero tê-la, prelúdio de ser abandonado, de figurar para sempre naquelas dúvidas: fui esquecido? O Equívoco é para mim um presente dado sem cerimônia, ano que vem tudo muda, será?

Julio Almada

Comments

Carla said…
Deixo-me levar nesse cenário. Viajo cobrindo-te de plumas recém-chovidas.
Abraço!

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O caderno felino do suicida - W. Teca

Posfácio  Julio Urrutiaga Almada  Inevitável, será ou seria, começar esta apreciação, citando ou se exercitando como um felino, depois de tanta embriaguez literária ou à moda Baudelaire, qualquer embriaguez que nos salve desta tacanha quase existência ou reflexão disforme. Mas, nada nos salvará. E acredito que só a felina vontade de impor-se nos impostará a voz até onde seja devido ou buscado. Começo a felinear pelo livro, bem fodido, às 6 da manhã. De quem não deseja oferecer-nos a poesia como comida rápida, devemos esperar Hemistíquios conectando-nos à montanha-russa do poeta feito à forja do dia a dia e respirando tradição que luta para reinventar-se. Nem poeta certificado de escritório, nem transeunte que se esqueceu em alguma esquina já tomada pelos donos da terra. Poesia viva reivindicando soar como música e ser vista como baile. E escuto do Poeta os primeiros versos a girar em meu oficio de leitor:  nunca fui capaz de ter um plano nesta terra redonda e [chata sou a...
Um Novo Conto do Caderno de Ontem no Bloguero: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com

Alguns Livros de Julio Urrutiaga Almada

LIVRO DOS SILÊNCIOS     “Contrariando minhas premissas, este livro, surgiu de um propósito, aparentemente racional e, como um desabafo do silêncio, fluiu vertiginosamente, de sobressalto, nas contadas horas, de um só dia.”   02/12/2005 Publicado em Abril de 2006, Editora Corifeu, 39 poemas sobre o silêncio nas relações.            EM UM MAPA SEM CACHORROS Leitura da Alma se faz na frente do espelho? Nossos cães farejam nosso dia seguinte ou nos perseguem noites em clara à esmo? Quer decifrar ou causar erupções no mundo que nunca fica pronto nem quando partimos para sempre? 41 poemas. Terceira edição Junho 2015 HORA TENAZ 2006 foi uma hora tenaz: que durou, perdurou e persistiu. Hora é a maneira de andar, é respiração, é dizer: pois não há como calar. Tenaz : que não abandona, que incomoda, que dói sem perguntar, que nos brinda com sucessivas toca...