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Cicuta para dois


No fim da maçã: a semente.

Dentro de nós um pouco,

De termos ouvido sempre:

Vociferar um amor louco.


No escuro do quarto: a neblina

Da memória: puxa os lençóis.

Não passem frio: menino e menina.

Retidos na retina ainda: Nós.


A corda do destino: branca,

Nossos pés juntos: cegou.

Hoje nos falta o que restou:


O baile ensurdecedor da lembrança.

O aroma quente do chamado amor.

E o abraço: que a solidão estanca.


Julio Almada, Poemas Mal_Ditos

Comments

Anonymous said…
Belissimo poema Julio,só agora posso ver um pouco melhor as publicações em blog e etc.
Abração!

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