Poema do Esconde-Esconde Para Roberto Portugal Alves(In Memorian) 1 Ensina-me a calar. Ensina-me na janela do dizer O que se vê E faz cessar O que se fala. Ensina-me a esquecer. Ensina-me A desfazer A sina de não ser O que eu sou. 2 A sepultura que te mostra. A sepultura que te esconde. A vazia mesa posta. A loucura da minha fronte. A vida e sua morte inesperada. A morte e sua vida desesperada. 3 O recinto em que me inventas É o intento de conter-me Nesta flâmula de tempo Em teus lábios cinzentos. 4 Lua transposta: Mar refletido, semente de pedras, Lagos infindos, verbos inertes, pó na estrada. Lua transposta e do medo, as garras. O medo transposto: metamórfico. 5 Separo os grãos do prever do meu destino Separo o fraco café do leite Me separam, a água e o azeite Me invento no mundo, clandestino. 6 Poesia urbana: veloz, dissipada, bípede, infame, Imprópria, inata, ciliar, banal, morrendo de Muitas mortes. 7 A página em branco contém: O desejo franco de possuir datas. Não um número e uma...
"Só voa quem de céu é feito" Julio Urrutiaga Almada