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Showing posts from April, 2010
Fora de Moda Um bando de ovelhas negras Tosou o pastor de roupas brancas. Não precisa de pele nem alma: Quem tem as vestes tão alvas; Quem tem as falas tão brandas; Quem sabe por onde todos Têm o modo certo De chegar não sei onde; Deus me livre esperar Um julgamento. Eu que ainda não sou nem ovelha negra. Eu que de rebanhos Quero distância, E me visto Só com a alma: Que para viver de aparência Além do olhar maquiado, Sempre há um gasto de tempo. Quem vive muito: morre cedo. Julio Almada, Poemas Mal_Ditos
Historinha Comprei uma flor assassina Dessas que te grudam os espinhos Dessas que te olham de mansinho Dessas que nunca dizem jamais E foi em uma tarde de abril Eu: o homem de outubro Eu que maio esperava Para observar junho. Comprei uma flor assassina Diziam não perca a oferta. E hoje a noite é longínqua. E hoje a flor é incerta. E hoje –o amanhã do ontem- Me olha e me compra. Eu que dizia: não estou à venda. Eu de olhos abertos: Aparo com as mãos cortadas: Meu coração de desertos. Julio Almada do Livro Em um Mapa sem Cachorros Mais textos: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com
Poema da Face                                                                          Para Serena Coltrane-Briscoe 1 Eu sou homem que cala Sei que sou fuga e solidão Mas disse que calo E nem isso faço Corro para pegar as palavras Até a mim embaraço Do que fujo? Do que calo. Queria dar nome às iras Retirar-me de minhas ilhas Gritar o nome do que sou Seja lá o que for. 2 Encarcerei o cão Ouço-o afiar Os dentes Na grade do meu coração. Ouço-o forçar as patas E o barulho do que ele é Cala o ruído do que sou Não o sinto, ouço-o. É de ouvido o meu ser Com ele. É de ouvir E de ensurdecer. E...
Fábula Amor, hoje era o dia da nebulosa Névoa dos meus olhos, falsa rédea, Do ver e não ver, brisa brilhosa Limbo do amargo desdizer e sorrir Amor, hoje cortei-me de azulejos e vidraças E fui feliz, distraído, enquanto a dor acenava Amora amarga o riso para mim negado No amor amorfo de nenhum entusiasmo Amor, hoje o silêncio era a garganta da Gritaria Os olhos cedidos no dia em que nasci, arenosos Senti amor,amor e a busca na tarde esvaindo O pulsar descontente do sangue que me fervia. Julio Almada
Livro Com a trilogia Noite de Tigres,Poema de Tigres e Tigre de Asas. Trabalho encenado em performance teatral. A natureza humana e animal entrelaçada, instinto,emoção e fogo:do espírito até o corpo. Um Grito com garras,suor e gemidos. Um Trecho do Poema de Tigres: Poema de Tigres "Tyger!Tyger!burning bright in the forests of the night, What immortal hand or eye Could frame thy fearful symmetry?" William Blake 01 As garras são meus olhos, Esses que eram de qualquer outro, E na ousadia de minha madrugada Os instalei de súbito em meu corpo. Olhos renascidos de não morrer Onde a morte lhes visita a gravidade. Leia mais: Mande um e-mail para julioalmada@gmail.com
Um Novo Conto do Caderno de Ontem no Bloguero: www.bloguerocoisanenhuma.blogspot.com
Rastros Si hubiera quedado En mi rastro de sangre Cualquiera de los ríos De tus tiernas miradas El rojo peregrino de mis venas Rosas dulces y pequeñas Tendria sembrado Hoy son aquellos colorados viajeros Dos enloquecidos sombreros De saliva y fuego quemado. Julio Almada In Arde
Hoje Ouvi um poeta vivo de sua própria boca e ele estava meio morto matando à queima roupa com a língua devolvendo o fogo da alma imenso: E estava meio falho E o faziam muito leve E Ele muito Denso: Dissolveu à flor da pele o vício daquele apelo. Julio Almada 
Asfixia Versificar é moer o grito Do não-sonoro com as mãos do ouvido. Estender a presa respiração e O suspiro. O desenho Invade a tesoura do infinito. Julio Almada In Beira do Caminho