“Ao ler, eu procuro um respiradouro…Se meu olhar escava entre as palavras, é para tentar discernir o que se esboça a distância, nos espaços que se estendem para além da palavra fim” (Calvino, Ítalo. 1999. Se um viajante numa noite de inverno . Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras). O livro Poemas Mal_Ditos, do poeta Julio Almada proporciona efeitos múltiplos. A cada nova poesia, a dualidade dos sentidos aflora, se avoluma e transborda em seus infinitos significados. A priori, o leitor mais precipitado, ávido por leituras superficiais, pode achar que o livro é construído em torno de clichês cansados. Mas, não se enganem, é ao contrário, construído com fervor, onde a intertextualidade com seus mestres, encena o jogo das palavras da liberdade e dos signos. Em cada verso há um pouco da medula óssea do autor. Suas palavras compõem, decompõem e recompõem sua voz lírica na árdua busca do fazer poético e de si mesmo. A angústia, a dr...