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Showing posts from October, 2019

Poeta

Asfixia Versificar é moer o grito Do não sonoro com as mãos do ouvido Estender a presa respiração e O suspiro O desenho Invade a tesoura do infinito. Julio Almada Explica estrelas: sacia sedes: defende orvalhos: apascenta lobos: louva gostos: acaricia farpas: grita: geme: reflete: sangra: anuncia: bebe estrelas: sabe de saudades: verte cheiros doces: trança alvoradas e ocasos: grita o grito dos calados: engendra o erro dos sábios: afia o consolo dos caminhos: desenha o verbo das folhas do outono: invade a casa do impreciso: embebe de prazer o constante: inflama a flor dos campos: corrói a erva-daninha: raspa o segredo da lua: planta flores em seu corpo: diverte-se com o silêncio: fala a língua nascitura: bebe a ousadia das eras: desenha a flor da morte prenunciada: conversa primaveras, outonos, invernos, verões e verossimilhanças. Beija tempos e fatos inverossímeis: verbo, adjetivo e substantiva o desconhecido: ignora último e primeiro: legisla com a memória a dor de seu t...

Alquimia

Um poeta cozinheiro Dado a fogueiras de hálitos Doces Titubeante e corriqueiro Perdeu a vida Não as flores Suas mãos de luto Perfumadas e findas Cozerão tomate e alga Na vertente marinha Dando aos olhos do céu Um mosaico de peixes suicidas. Do Livro Hora Tenaz