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Showing posts from March, 2014
Héracles Ninguém sabe Degustar um segredo. Ele tem a cara De um Câncer. Ele tem o cheiro De um medo. Eu verto silêncios E aromas de baunilha Nesses dias entristecidos. Eu perambulo Pelos endereços Inábeis Dos tempos felizes. Eu sofro De amores voláteis Desandando A maionese dos magos. Flor de um asfalto retrátil Devorador de pernas dóceis E sonhos contidos. Esvoaço a vida Se esvoaçada Deixa-se. Falo a verve Descontrolada Dos abismos. Amo a febre Dos meus sentidos: Voz embargada. Desavisado sorrio Os dias me dilaceram Na sorte que anunciam. Dobro a esquina Cruzo o rio Sangro desaparecido. As mãos prenunciadas São a febre Das horas enraivecidas. O olho inerte É o remorso Do tempo vencido. A outra margem O rosto da correnteza cortada. Palidez é a cor mais selvagem a mim permitida. Morrer centenas De vezes e não Morrer sequer um dia: Trançado de vozes Calando As pedras velo...
Fora de Moda Um bando de ovelhas negras Tosou o pastor de roupas brancas. Não precisa de pele nem alma: Quem tem as vestes tão alvas; Quem tem as falas tão brandas; Quem sabe por onde todos Têm o modo certo De chegar não sei onde; Deus me livre esperar Um julgamento. Eu que ainda não sou nem ovelha negra. Eu que de rebanhos Quero distância, E me visto Só com a alma: Que para viver de aparência Além do olhar maquiado, Sempre há um gasto de tempo. Quem vive muito: morre cedo. Julio Almada do Livro Poemas Mal_Ditos