Héracles Ninguém sabe Degustar um segredo. Ele tem a cara De um Câncer. Ele tem o cheiro De um medo. Eu verto silêncios E aromas de baunilha Nesses dias entristecidos. Eu perambulo Pelos endereços Inábeis Dos tempos felizes. Eu sofro De amores voláteis Desandando A maionese dos magos. Flor de um asfalto retrátil Devorador de pernas dóceis E sonhos contidos. Esvoaço a vida Se esvoaçada Deixa-se. Falo a verve Descontrolada Dos abismos. Amo a febre Dos meus sentidos: Voz embargada. Desavisado sorrio Os dias me dilaceram Na sorte que anunciam. Dobro a esquina Cruzo o rio Sangro desaparecido. As mãos prenunciadas São a febre Das horas enraivecidas. O olho inerte É o remorso Do tempo vencido. A outra margem O rosto da correnteza cortada. Palidez é a cor mais selvagem a mim permitida. Morrer centenas De vezes e não Morrer sequer um dia: Trançado de vozes Calando As pedras velo...
"Só voa quem de céu é feito" Julio Urrutiaga Almada